quarta-feira, 7 de novembro de 2007

E aí, Luciano ?




Notícias antigas também são válidas.
Todos devem ter ouvido falar no roubo sofrido por Luciano Huck no mês de outubro.
Eu fiquei muito tempo pensando sobre o que ocorreu, quando a revista que chega toda semana em minha casa trouxe o Huck na capa. Pensei durante muito tempo, pois não sabia que posição tomar.
Os críticos diziam que Luciano só havia acordado para a atual situação do país no momento em que o Rolex, presente da esposa, foi roubado. Não acredito nisso.
Luciano é um homem aparentemente antenado. Digam o que quiserem, mas, enquanto cidadã e telespectadora, Huck sempre demonstrou cumprir seu papel social.
"Como brasileiro, tenho até pena dos dois pobres coitados montados naquela moto com um par de capacetes velhos e um 38 bem carregado. Agora, como cidadão paulistano, fico revoltado. Juro que pago todos os meus impostos, uma fortuna. E, como resultado, depois do cafezinho, em vez de balas de caramelo, quase recebo balas de chumbo na testa.". Foi esta declaração, dada ao jornal Folha de São Paulo que atiçou a ira dos críticos de plantão.
Foi um momento de revolta, de medo. Todos nós nos posicionamos de tal forma quando sofremos algo parecido. Mas a diferença está no que foi roubado e em quem foi o personagem principal do episódio.
O relógio custa caro, mais do que a maioria da população pode imaginar - meu imaginário não chega a tanto - e o assaltado, por ser público, 'deve satisfações' até do quanto gasta em um adereço em um país de miseráveis. Não é ?
São três vítimas dessa sociedade preconceituosa, racista e hipócrita ao extremo. Huck é um ser humando, os homens que o assaltaram também. A crueldade faz com que nos esqueçamos disso. Só Deus sabe - se é que ele existe e de onde nos assiste - o que se passa na vida dos rapazes que cruzaram com Luciano e seu caro Rolex.

É um caso complicado. Há vítimas dos dois lados da história, mas não vamos subverter o discurso de Luciano para justificar o ato desses criminosos. Não se pode agir assim. Eu não vivo do lado de lá, apenas imagino o que se passa, mas todos nós estamos à margem, correndo riscos, alimentando vícios. Os nossos próprios vícios.

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